Reza a história que estando um
frig em mudanças, uma mulher que levava um miúdo aos ombros ficou pata trás.
Tinha visto algo no chão e aproximou-se para ver melhor. Quando lá chegou viu
que o que lhe chamara a atenção era um punhado de ovos de avestruz. Quis avisar
as pessoas mas, por mais que gritasse, não a ouviam, de modo que decidiu deixar
o filho junto dos ovos para correr em busca dos restantes. Quis o azar que,
depois de ela os alcançar, e quando todos se dirigiam para o lugar onde estavam
os ovos, eufóricos com tão feliz descoberta, se levantasse um vento forte e o
irif apagasse qualquer rasto deixado na areia.De modo que, apesar de os membros
do frig terem procurado, incansáveis, durante vários dias, não houve maneira de
encontrar a criança.
A mãe avestruz, ao ver a criança junto dos ovos, decidiu adoptá-la. De dia saía
à procura de comida para a alimentar e à noite cobria-a com o corpo para que
não lhe acontecesse nada de mal. Quando nasceram as crias, as pequenas
avestruzes e o menino passavam o dia juntos e este fazia vida de avestruz,
comendo o que elas comiam, gritando como elas gritavam e correndo tão
velozmente como os irmãos adoptivos, saudável e feliz.
Passou o tempo e, um belo dia, um pastor que conduzia os seus rebanhos para
outros pastos viu de longe as avestruzes e o rapazinho que corria com elas.
Impressionou-o de tal forma aquela visão que, onde quer que fosse, falava
daquele acontecimento extraordinário de que fora testemunha:
- Vi com os meus próprios olhos o que vos estou a contar! Era um rapaz, com o
cabelo compridíssimo, que corria entre as avestruzes, comento o que elas comiam
e emitindo os mesmos ruídos com a garganta.
Quando a história chegou aos ouvidos da família da criança perdida junto dos
ovos de avestruz, todo o frig se pôs imediatamente em marcha. Localizaram o
pastor r pediram-lhe que lhes mostrasse o lugar onde apareciam as avestruzes. E
quando estas, seguindo o seu costume, pararam para descansar sob os ramos de
uma talja, os homens capturaram o rapaz e levaram-no com eles. Trataram dele,
cortaram-lhe o cabelo, lavaram-no e ensinaram-no a comer e a comunicar como uma
pessoa. Com o decurso do tempo, o menino-avestruz transformou-se num homem,
casou-se e teve uma grande descendência.
Quanto às avestruzes, não querendo prescindir da companhia do seu meio-irmão, seguiram-no e instalaram-se junto ao frig para poderem continuar perto dele.
Contos do oriente.
Luzinete Silva
Luzinete Silva
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